Público
Alvo: alunos do 9º ano do Ensino Fundamental
Tempo
de duração: 10 aulas
Competências:
·
- Ler e analisar o gênero textual crônica, o qual apresenta traços argumentativos;
- Selecionar informações de acordo com os objetivos ou intencionalidades da situação comunicativa;
- Debater sobre o tema abordado no texto lido;
- Discutir pontos de vista, levando em consideração as leituras e suas experiências pessoais;
- Criar hipótese de sentido a partir de informações dadas;
- Inferir informações subjacentes às ideias explicitadas no texto;
- Interpretar textos literários;
- Utilizar conhecimentos sobre a língua e sobre gêneros textuais para a elaboração e realização de projetos coletivos;
- Transpor o texto escrito para a oralidade, fazendo as adaptações necessárias para a dramatização.
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meufuturoquemescolheusoueu.blogspot.com
ATIVIDADE
1 – LEITURA
1- Leia
silenciosamente a crônica “Pausa” de Moacyr Scliar e grife as palavras
desconhecidas.
PAUSA – MOACYR SCLIAR
Às sete horas o despertador tocou.
Samuel saltou da cama, correu para o banheiro, fez a barba e lavou-se.
Vestiu-se rapidamente e sem ruído. Estava na cozinha, preparando sanduíches,
quando a mulher apareceu, bocejando:
- Vais sair de novo, Samuel?
Fez que sim com a cabeça. Embora
jovem, tinha a fronte calva; mas as sobrancelhas eram espessas, a barba, embora
recém-feita, deixava ainda no rosto uma sombra azulada. O conjunto era uma
máscara escura.
- Todos os domingos tu sais cedo –
observou a mulher com azedume na voz.
- Temos muito trabalho no escritório
– disse o marido, secamente.
Ela olhou os sanduíches:
- Por que não vens almoçar?
- Já te disse: muito trabalho. Não
há tempo. Levo um lanche.
A mulher coçava a axila esquerda. Antes
que voltasse à carga Samuel pegou o chapéu:
- Volto de noite.
As ruas ainda estavam úmidas de
cerração. Samuel tirou o carro da garagem. Guiava vagarosamente; ao longo do
cais, olhando os guindastes, as barcaças atracadas.
Estacionou o carro numa travessa
quieta. Com o pacote de sanduíches debaixo do braço, caminhou apressadamente
duas quadras. Deteve-se ao chegar em um hotel pequeno e sujo. Olhou para os
lados e entrou furtivamente. Bateu com as chaves do carro no balcão, acordando
um homenzinho que dormia sentado numa poltrona rasgada. Era o gerente.
Esfregando os olhos pôs-se de pé:
- Ah! seu Isidoro! Chegou mais cedo
hoje. Friozinho bom este, não é? A gente...
- Estou com pressa, seu Raul! –
atalhou Samuel.
- Está bem, não vou atrapalhar. O de
sempre – estendeu a chave.
Samuel subiu quatro lanços de uma
escada vacilante. Ao chegar no último andar, duas mulheres gordas, de chambre floreado, olharam-no com curiosidade:
- Aqui, meu bem! – gritou uma, e
riu: um cacarejo curto.
Ofegante, Samuel entrou no quarto e fechou
a porta à chave. Era um aposento pequeno, uma cama de casal, um guarda-roupa de
pinho; a um canto, uma bacia cheia d´água, sobre um tripé. Samuel correu as
cortinas esfarrapadas, tirou do bolso um despertador de viagem, deu corda e
colocou-o na mesinha de cabeceira.
Puxou a colcha e examinou os lençóis
com o cenho franzido; com um suspiro, tirou o casaco e os sapatos, afrouxou a
gravata. Sentado na cama, comeu vorazmente quatro sanduíches. Limpou os dedos
no papel de embrulho, deitou-se e fechou os olhos.
Dormir.
Em pouco, dormia. Lá embaixo, a
cidade começava a mover-se: os automóveis buzinando, os jornaleiros gritando,
os sons longínquos.
Um raio de sol filtrou-se pela
cortina, estampou um círculo luminoso no chão carcomido.
Samuel dormia; sonhava. Nu, corria
por uma planície imensa, perseguido por um índio montado a cavalo. No quarto
abafado, ressoava o galope. No planalto da testa, nas colinas do ventre, no
vale entre as pernas, corriam. Samuel mexia-se e resmungava. Às duas e meia da
tarde sentiu uma dor lancinante nas costas. Sentou-se na cama, os olhos
esbugalhados: o índio acabava de trespassá-lo com a lança. Esvaindo-se em
sangue, molhado de suor, Samuel tombou lentamente; ouviu o apito soturno de um
vapor. Depois, silêncio.
Às sete horas o despertador tocou.
Samuel saltou da cama, correu para a bacia, lavou-se. Vestiu-se rapidamente e
saiu.
Sentado numa poltrona, o gerente lia
uma revista.
- Já vai, seu Isidoro?
- Já – disse Samuel, entregando a
chave. Pagou, conferiu o troco em silêncio.
- Até domingo que vem, seu Isidoro –
disse o gerente.
- Não sei se virei – respondeu
Samuel, olhando pela porta; a noite caia.
- O senhor diz isso, mas volta
sempre – observou o homem rindo.
Samuel saiu.
Ao longo do cais, guiava lentamente.
Parou, um instante, ficou olhando os guindastes recortados contra o céu
vermelhado. Depois seguiu. Para casa.
2-
Reúna-se com seus colegas numa roda de conversa
para discutir sobre os significados das palavras desconhecidas e sobre o assunto
abordado na crônica.
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disponível em: www.pibidfisica.ensinodeciencias.net
3- Agora,
em grupo, vamos levantar hipóteses sobre os possíveis motivos que levavam
Samuel a querer essa “pausa” aos domingos.
ATIVIDADE
2 – ORALIDADE
Seu
professor discutirá oralmente com a classe os seguintes aspectos:
·
Você costuma ler jornal?
·
Você sabia que o gênero crônica é
predominantemente jornalístico?
·
Você conhece algo sobre o gênero textual
crônica?
Após a
discussão oral, observe na crônica lida, os seguintes elementos:
·
Aspectos da narrativa, tais como,
narrador, personagens, enredo, tempo, espaço;
·
Predominância do discurso direto;
·
Análise de questões do cotidiano;
·
Crítica de aspectos sociais implícitos na
narrativa.
ATIVIDADE
3 – LEITURA E ANÁLISE ESCRITA DO TEXTO
Após a
leitura do texto, responda em seu caderno:
1- No início da crônica, o diálogo entre Samuel e
sua esposa, demonstra algo estranho?
2- Quando Samuel chega ao seu destino, ou seja, no
hotel, o autor vai criando uma situação de suspense quanto aos motivos que
levavam Samuel aquele lugar. Nesse momento da história, o que você acha que ele
vai fazer lá?
3- Após Samuel entrar no quarto alugado, podemos
observar que a hipótese por você levantada se confirma?
4- O que ele realmente fazia aos domingos naquele
hotel?
5- Observe a parte do texto que narra o sonho de
Samuel. Quais as sensações que ele teve através do sonho?
6- Em sua opinião, o que o diálogo final do texto
entre Samuel e o gerente do hotel pode sugerir?
7- Após a leitura do texto, o que você conclui
sobre o relacionamento do casal?
8- Observe a frase abaixo:
“De vez em quando você tem que fazer uma pausa
e visitar a si mesmo” Audrey Giorgi
Como
podemos relacionar essa passagem com o texto lido?
ATIVIDADE
4 – PARA SABER MAIS
Após a
leitura da crônica “Pausa” e de conhecer as características do gênero, seu
professor vai orientá-lo a ampliar seu conhecimento sobre tal gênero, através
da pesquisa sobre outros cronistas consagrados.
Em
grupo, na sala de informática vocês deverão procurar outras crônicas de autores
como: Luís
Fernando Veríssimo, Fernando Sabino, Carlo Heitor Cony, Ligia Fagundes Telles,
entre outros.
Após
a pesquisa reservem em um arquivo as crônicas que o grupo tenha mais gostado,
pois vocês precisarão delas para a próxima atividade.
ATIVIDADE
5 - DRAMATIZAÇÃO
Após a
leitura da crônica “Pausa” e da leitura de outras crônicas, reúnam-se novamente
com o grupo, escolham uma delas e transformem em uma apresentação dramatizada.
Para
isso, vocês deverão fazer todas as adaptações necessárias para que o texto
escrito seja apresentado oralmente.
REFERÊNCIAS
BIBLIOGRÁFICAS
DOLZ, J.; SCHNEUWLY, B. Gêneros e progressão em
expressão oral e escrita - elementos para reflexões sobre uma experiência suíça
(francófona). In: ROJO, R. H. R.; CORDEIRO, G. S. (Orgs./Trads.) Gêneros
orais e escritos na escola. Campinas:
Mercado de Letras, 2004 [1996], p. 41-70.
DOLZ, J. M.; NOVERRAZ, M.; SCHNEUWLY, B. Sequências didáticas para
o oral e a escrita: Apresentação de um procedimento. In: SCHNEUWLY, B.; DOLZ,
J. M. et al. Gêneros orais e escritos na escola. (Orgs./trads) R. H. R. Rojo e
G. S. Cordeiro. Campinas: Mercado de Letras, 2004 [1996],
p. 95-128.
ROJO, R. H. R. Letramento e
capacidades de leitura para a cidadania. Texto de divulgação científica
elaborado para o Programa Ensino Médio em Rede, Rede do Saber/CENP_SEE-SP e
para o Programa Ler e Escrever - Desafio de Todos, CENPEC/SME-SP. SP: SEE-SP e
SME-SP, 2004.
SÃO PAULO (Estado). Secretaria da Educação. Currículo do Estado de
São Paulo: Linguagem Códigos e suas Tecnologias. Coordenação geral, Maria Inês
Fini; coordenação de área, Alice Vieira. São Paulo: SEE, 2010.
SCLIAR, M. Pausa.
Disponível em:
http://efp-ava.cursos.educacao.sp.gov.br/Resource/413029,A6/Assets/linguaportuguesa/pdf/pausa.pdf. Acesso em: 15/06/2013
CRÉDITOS:
Atividade inicialmente elaborada em encontro presencial do Curso Melhor Gestão, Melhor Ensino, pelas cursistas: Claudete Coelho Campos, Milena Azenha Defavari Duarte, Roseli T. Turquiai Milani, Odete Sueli Fávero Polveiro e Onivete Fátima F. Cardoso e aprimorada, em atividade online, do mesmo curso, pelas cursistas do grupo 1 (Arlete Ajudarte, Milena Azenha Defavari Duarte e Sirlene Aparecida Martins Bailo), da turma 313.
Muito interessante a sequencia, bem sucinta, mas como uma relevância incomparável.
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